quinta-feira, 11 de março de 2010

REFLITA

Plena mulher, maçã carnal, lua quente,
espesso
aroma de algas, lodo e luz pisados,
que obscura claridade se abre entre tuas
colunas?
que antiga noite o homem toca com seus sentidos?
Ai, amar é uma
viagem com água e com estrelas,
com ar opresso e bruscas tempestades de
farinha:
amar é um combate de relâmpagos e dois corpos
por um so mel
derrotados.
Beijo a beijo percorro teu pequeno infinito,
tuas margens,
teus rios, teus povoados pequenos,
e o fogo genital transformado em delícia
corre pelos tênues caminhos do sangue
até precipitar-se como um cravo
noturno,
até ser e não ser senão na sombra de um raio.
Pablo
Neruda